Período Imperial
(1822 / 1889)
A primeira Constituição Brasileira (outorgada pelo Imperador D. Pedro I em 25 de março de 1824) não prevê a delegação de poderes legislativos às Províncias do Império, embora estabeleça órgãos deliberativos sobre assuntos de seu interesse peculiar (os "Conselhos Gerais"). Essa situação perdura até a criação das Assembleias Legislativas Provinciais, em cumprimento ao Ato Adicional de 1834. Em 20 de abril de 1835, em plena sessão de instalação da Assembleia Legislativa, o Deputado Bento Gonçalves da Silva é acusado pelo Presidente da Província de articular a separação do Rio Grande do Sul do restante do Império. Essa data é considerada o marco político da Revolução Farroupilha. De 20 de setembro de 1835, quando os farrapos tomam Porto Alegre, até 15 de junho de 1836, quando a perdem para os legalistas, somente comparecem à Assembleia Legislativa os Deputados favoráveis à rebelião. Em 1837, inverte-se a situação: somente os membros da Assembleia favoráveis ao Império participam dos trabalhos legislativos. A Guerra dos Farrapos impede a realização de eleições para a renovação dos mandatos findos em 31 de dezembro de 1837, os quais permanecem vagos até a instalação da 2ª Legislatura, em 1º de março de 1846. Daí em diante, até o final do Império, o Plenário do Casarão Rosado da Rua da Igreja (rebatizada Duque de Caxias em 29/12/1869) é o centro da discussão política na Província. Em 1884, o Partido Republicano Rio-Grandense (PRR) passa a editar o jornal "A Federação", em cujas páginas combate a Monarquia e o centralismo político.
República Velha
(1889 / 1930)
Com a Proclamação da República, o PRR de Júlio de Castilhos chega ao poder. Elaborada conforme os preceitos positivistas, a Constituição promulgada em 14 de julho de 1891 outorga ao Presidente do Estado a prerrogativa de editar as leis; a Assembleia (então denominada "Assembleia dos Representantes") reúne-se apenas dois meses por ano, exclusivamente para votar o orçamento do Estado e dispor sobre tributos. A asfixia política leva à eclosão da Revolução de 1893, na qual chimangos (castilhistas) e maragatos (monarquistas e republicanos não-positivistas, sob a liderança de Gaspar Silveira Martins) banham em sangue os campos do Rio Grande. Júlio de Castilhos sufoca a revolta e consolida seu governo, durante o qual nenhum maragato ocupa um cargo público e nenhum Deputado oposicionista é eleito à Assembleia dos Representantes ou ao Congresso Nacional. Em 1923, Borges de Medeiros vence J. F. de Assis Brasil (que fora o primeiro Deputado do PRR à Assembleia Provincial) e conquista seu quinto mandato. Os maragatos alegam fraude e levantam-se em armas contra o governo. O Pacto de Pedras Altas sela a paz, mediante o compromisso de revisão da Constituição castilhista e de que o Presidente do Estado não concorreria a um sexto mandato. Getúlio Vargas sucede a Borges e pacifica o Estado sob a bandeira da Frente Única Gaúcha, reunindo chimangos e maragatos.
República Nova e Estado Novo
(1930 / 1945)
Após haver unido o Rio Grande, Getúlio agrega o apoio de Minas Gerais e Paraíba e lança-se candidato à Presidência da República pela Aliança Liberal, nas eleições de 1929. Derrotado, deflagra em 3 de outubro de 1930 um movimento revolucionário que, um mês depois, o empossa como chefe do Governo Provisório da República. Em 1932, Borges de Medeiros e Raul Pilla apóiam no Estado a Revolução Constitucionalista de São Paulo. Embora vencida militarmente, a revolta leva Getúlio a convocar eleições para a reconstitucionalização do país. A Constituição Federal de 1934 manda convocar eleições para as Assembleias Constituintes dos Estados, as quais devem transformar-se em Assembleias Legislativas assim que elaboradas as respectivas Constituições. Instalada com poderes constituintes em 12 de abril de 1935, a Assembleia Gaúcha é fechada no dia 10 de novembro de 1937, com a decretação do "Estado Novo". O Plenário do Casarão Rosado permanece em silêncio até o fim da ditadura de Vargas.
Redemocratização
(1945 / 1964)
Em 8 de julho de 1947, a Assembleia Gaúcha atrai a atenção do Brasil inteiro ao promulgar uma Constituição parlamentarista. Nove dias depois, o Supremo Tribunal Federal suspende a execução dos dispositivos parlamentaristas da Carta do Estado, obrigando a Assembleia Legislativa a adequá-la ao modelo presidencialista vigente na União. Durante o período, o PSD (Partido Social Democrático) gaúcho afasta-se da tradição getulista representada pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e alinha-se com PL (Partido Libertador) e UDN (União Democrática Nacional). Em 25 de agosto de 1961, com a renúncia do Presidente Jânio Quadros, o Governador Leonel Brizola levanta o Estado em defesa da posse do Vice-Presidente, João Goulart, vetada pelos ministros militares. A Assembleia Legislativa supera suas divergências e, por unanimidade, aprova mensagem ao Presidente provisório, Ranieri Mazzilli, pedindo a destituição dos ministros militares. A crise é superada com a posse de João Goulart como Presidente da República sob o regime parlamentarista de governo. Em 1963, um plebiscito nacional restabelece o presidencialismo, mas João Goulart não consegue apoio para suas "reformas de base" e é derrubado pelo golpe militar de 31 de março de 1964.
Regime Militar
(1964 / 1985)
O novo regime organiza-se através do Ato Institucional n.º 1, de 9 de abril de 1964, com o qual cassa os direitos políticos de grande número de seus opositores (inclusive de Deputados à Assembleia Gaúcha). Nessa trilha, o Ato Institucional n.º 2, de 27 de outubro de 1965, extingue os partidos políticos. Surgem a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), congregando os apoiadores do novo regime, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), única oposição tolerada. Em 19 de setembro de 1967, realiza-se a última sessão no prédio histórico da Rua Duque de Caxias. No dia seguinte, a Assembleia Legislativa instala-se no Palácio Farroupilha. No interior do novo Plenário, cada medida repressiva do Governo Militar é motivo para novos duelos verbais. As cassações de Deputados emedebistas subseqüentes à edição do Ato Institucional n.º 5, em 13 de dezembro de 1968, fazem da ARENA a bancada majoritária na Assembleia e aprofundam o fosso entre governo e oposição. Mas as diferenças políticas não são empecilho à união da Assembleia Legislativa em prol do interesse comum do Estado. Em 27 de agosto de 1975, o Governo Federal premia esse esforço e aprova a implantação do III Pólo Petroquímico no Rio Grande do Sul. Em 12 de outubro de 1977, o Presidente Ernesto Geisel exonera seu Ministro do Exército, General Sylvio Frota e assegura o sucesso de sua política de "abertura lenta e gradual". Geisel revoga o AI-5 e passa o poder ao General João Batista Figueiredo, incumbido de encerrar o período dos governos militares. Figueiredo sanciona a Lei de Anistia (Lei n.º 6.683, de 28 de agosto de 1979) e a Lei da Reforma Partidária (Lei n.º 6.767, de 20 de dezembro de 1979, que extingue a ARENA e o MDB). Na Assembleia Gaúcha, os Deputados arenistas ingressam, em bloco, no Partido Democrático Social (PDS), enquanto os emedebistas dividem-se entre o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) e o PDT (Partido Democrático Trabalhista). Em 1984, a Assembleia Legislativa é envolvida pela campanha em
Nova República
(1985 / 2021)
Tancredo é internado na véspera de sua posse e morre em 21 de abril de 1985. Sarney torna-se Presidente da República. Em 27 de novembro de 1985, o Congresso Nacional promulga a Emenda Constitucional n.º 26, que convoca uma Assembleia Nacional Constituinte. Em 5 de outubro de 1988 é promulgada a nova Constituição Federal; três semanas depois, em 26 de outubro de 1988, instala-se a Assembleia Constituinte Estadual. Em 3 de outubro de 1989, a Assembleia entrega ao Rio Grande do Sul a sua nova Constituição: senão o resumo dos anseios do povo gaúcho, ao menos o retrato do consenso possível entre seus representantes legítimos. A nova Carta do Estado incorpora a participação popular no processo legislativo, facultado aos cidadãos a apresentação de propostas de emenda à Constituição, projetos de lei e emendas aos projetos de lei sobre matéria orçamentária (plano plurianual, lei de diretrizes orçamentárias e orçamento anual). Em 1995 e 1996, a Assembleia Gaúcha vai ao encontro do cidadão do interior do Estado e realiza sessões plenárias e de suas Comissões em Caxias do Sul, Passo Fundo, Santa Maria, Pelotas, Santo Ângelo, Sant'Ana do Livramento e Torres. Em 1999, a Assembleia institui o Fórum Democrático de Desenvolvimento Regional, canal permanente de participação do cidadão na formulação de políticas estaduais de interesse local e regional. A Assembleia Legislativa ingressa no Terceiro Milênio aberta ao povo gaúcho e pronta para cumprir o papel que lhe cabe no Estado democrático de direito, através do exercício atento do controle externo da administração estadual e da legislação responsável sobre todas as matérias de competência do Estado, com o mesmo espírito dos Deputados daquela corajosa Assembleia Provincial do distante ano de 1835.